Álbum traz uma das melhores histórias de Astro City
Há um outro ponto de vista neste novo passeio por Astro City. O enfoque está num ex-criminoso, e não nos super-heróis que circulam pela fictícia cidade criada pelo escritor Kurt Busiek. Essa mudança na escolha do personagem central é o grande acerto de Astro City - O Anjo Caído, álbum que começou a ser vendido nesta semana (Devir, R$ 46). Tornou a história bem mais intimista. A trama reflete na pele de metal do protagonista uma sociedade que não é preparada para recuperar quem passou pela prisão.
O álbum reúne sete histórias inéditas de Astro City. A edição é quase igual ao encadernado norte-americano, lançado em 2000. "Quase" porque o formato é um pouco menor. É uma das melhores -senão a melhor- seqüência da premiada série de Busiek, uma declarada homenagem às revistas de super-heróis. E um ótimo do ponto de partida para quem nunca visitou a cidade.
A história toda é uma grande metáfora, presente em cada detalhe da trajetória do personagem central. A metáfora mor remonta aos princípios cristãos. O Homem-Blindado de Aço -codinome do protagonista- é o anjo caído do título. Ele enfrenta a difícil tarefa de se regenerar. Cumpriu pena, largou os crimes, não consegue se recolocar no mercado. Vive à margem da sociedade. Seu passado e sua pele depõem contra ele.
Clique aqui para continuar a leituraOs demais anjos continuam nas alturas, sobrevoando Astro City, e são chamados de super-heróis. O ex-presidiário quer ser como eles, alcançar a redenção. Mas permanece no solo, junto com todos os outros, trilhando o árduo caminho em busca da salvação (que nem ele sabe exatamente qual é).
A pele de metal, aliás, é um achado narrativo. Ela é a síntese de todos os fracassos vividos por Carl Donewicz, nome “real” do personagem. Reflete o rosto de medo das pessoas quando o vêem. Não permite a ele nem lavar pratos em bares e lanchonetes de quinta categoria. O sabão faz a louça escorregar pelas mãos metalizadas. Há um início de ferrugem na região da barriga (detalhe sutil, mas casa perfeitamente com o perfil representado).
O rosto e, principalmente, o olhar triste e distante, terminam por confirmar visualmente o estado de submissão em que se encontra. Os traços faciais foram baseados no falecido ator Robert Mitchum (a semelhança é gritante, como mostra a imagem ao lado). Há um agradecimento de Alex Ross a ele, escondido na página sete. Ross é o autor das capas e da elaboração visual dos super-habitantes de Astro City. É com base em Ross que o desenhista Brent Anderson faz a arte da série, publicada originalmente nos Estados Unidos.
Resta ao Homem-Blindado de Aço (uma mistura de Luke Cage com Colossus, dos X-Men, ambos da editora Marvel) investigar outros vilões, que são misteriosamente assassinados. É por meio desse "trabalho" que ele encontra sua redenção. Falar mais estragaria a história. Mas, no fim, o leitor vai se questionar quem é herói e quem é vilão. E vai ficar com ódio dos heróis.
Nota: Frank Miller faz um mea-culpa na introdução do álbum. Ele diz que estava errado quando afirmou que o gênero super-heróis havia morrido. A afirmação foi feita com base em "Cavaleiro das Trevas" e "Watchmen", que teriam "enterrado" esse tipo de história.
Veja mais imagens do álbum aqui.
O álbum reúne sete histórias inéditas de Astro City. A edição é quase igual ao encadernado norte-americano, lançado em 2000. "Quase" porque o formato é um pouco menor. É uma das melhores -senão a melhor- seqüência da premiada série de Busiek, uma declarada homenagem às revistas de super-heróis. E um ótimo do ponto de partida para quem nunca visitou a cidade.
A história toda é uma grande metáfora, presente em cada detalhe da trajetória do personagem central. A metáfora mor remonta aos princípios cristãos. O Homem-Blindado de Aço -codinome do protagonista- é o anjo caído do título. Ele enfrenta a difícil tarefa de se regenerar. Cumpriu pena, largou os crimes, não consegue se recolocar no mercado. Vive à margem da sociedade. Seu passado e sua pele depõem contra ele.
Clique aqui para continuar a leituraOs demais anjos continuam nas alturas, sobrevoando Astro City, e são chamados de super-heróis. O ex-presidiário quer ser como eles, alcançar a redenção. Mas permanece no solo, junto com todos os outros, trilhando o árduo caminho em busca da salvação (que nem ele sabe exatamente qual é).
A pele de metal, aliás, é um achado narrativo. Ela é a síntese de todos os fracassos vividos por Carl Donewicz, nome “real” do personagem. Reflete o rosto de medo das pessoas quando o vêem. Não permite a ele nem lavar pratos em bares e lanchonetes de quinta categoria. O sabão faz a louça escorregar pelas mãos metalizadas. Há um início de ferrugem na região da barriga (detalhe sutil, mas casa perfeitamente com o perfil representado).
O rosto e, principalmente, o olhar triste e distante, terminam por confirmar visualmente o estado de submissão em que se encontra. Os traços faciais foram baseados no falecido ator Robert Mitchum (a semelhança é gritante, como mostra a imagem ao lado). Há um agradecimento de Alex Ross a ele, escondido na página sete. Ross é o autor das capas e da elaboração visual dos super-habitantes de Astro City. É com base em Ross que o desenhista Brent Anderson faz a arte da série, publicada originalmente nos Estados Unidos.
Resta ao Homem-Blindado de Aço (uma mistura de Luke Cage com Colossus, dos X-Men, ambos da editora Marvel) investigar outros vilões, que são misteriosamente assassinados. É por meio desse "trabalho" que ele encontra sua redenção. Falar mais estragaria a história. Mas, no fim, o leitor vai se questionar quem é herói e quem é vilão. E vai ficar com ódio dos heróis.
Nota: Frank Miller faz um mea-culpa na introdução do álbum. Ele diz que estava errado quando afirmou que o gênero super-heróis havia morrido. A afirmação foi feita com base em "Cavaleiro das Trevas" e "Watchmen", que teriam "enterrado" esse tipo de história.
Veja mais imagens do álbum aqui.
Fonte: Blog dos Quadrinhos
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