Santa Militância, Batman!
Kate Bosworth, a Lois Lane de Super-Homem – O Retorno, tem um olho castanho e outro azul, é uma graça e fica muito bem loira. No filme, porém, ela arrasta uma cabeleira castanha e sem forma, como uma dona-de-casa estressada demais para dar um jeito no que sobrou da permanente malfeita. Sim, é verdade: Lois não é uma vamp, e é tradicionalmente morena. Mas a decisão de tingir Kate deveu-se em boa parte ao "fator nerd": a pressão daqueles fãs radicais para que nenhuma heresia seja cometida contra seus ícones. Esse é um efeito colateral curioso (e irritante) do vício em cultura pop: a infantilização extrema. Como o garoto de 5 anos que fica bravo quando o pai esquece algum detalhe de sua historinha favorita, esses fãs mais sôfregos se revoltam quando um diretor muda a cor de um uniforme, a idade de um personagem ou até algo tão trivial quanto um penteado em seus objetos de adoração. Como diria William Shatner, o Capitão Kirk de Jornada nas Estrelas (uma das séries de mais alto fator nerd da história), aconselha-se a esse pessoal que pare de levar filmes e gibis a sério, cresça, arrume uma namorada e arranje algo de útil para fazer.
O mais divertido é a freqüência com que esses xiitas têm de engolir os próprios sapos. Quando o diretor Tim Burton anunciou que Michael Keaton seria seu Batman, foi uma grita: onde já se viu um Homem-Morcego assim tão sem queixo? Três atores depois, Keaton é considerado o melhor dos que se aventuraram no papel. Não é improvável que o futuro reserve um julgamento semelhante para Daniel Craig, sexto no revezamento de 007 – e o primeiro loiro. "O nome é Bond, e não Blond!", protestaram tablóides e websites, com tal fúria que Craig tem se escondido, por medo de levar tomatadas. Detalhe: ninguém viu sua performance. Keanu Reeves, que parecia blindado pela popularidade de Matrix, viu-se na linha de fogo ao viver o herói dos quadrinhos Constantine – ele é moreno e americano, e não loiro e inglês, como definido no gibi. O filme estreou e Keanu, afinal, mostrou-se um excelente caçador de demônios, seja qual for a cor de seu cabelo ou a origem de seu sotaque.
Fonte: Revista Veja
O mais divertido é a freqüência com que esses xiitas têm de engolir os próprios sapos. Quando o diretor Tim Burton anunciou que Michael Keaton seria seu Batman, foi uma grita: onde já se viu um Homem-Morcego assim tão sem queixo? Três atores depois, Keaton é considerado o melhor dos que se aventuraram no papel. Não é improvável que o futuro reserve um julgamento semelhante para Daniel Craig, sexto no revezamento de 007 – e o primeiro loiro. "O nome é Bond, e não Blond!", protestaram tablóides e websites, com tal fúria que Craig tem se escondido, por medo de levar tomatadas. Detalhe: ninguém viu sua performance. Keanu Reeves, que parecia blindado pela popularidade de Matrix, viu-se na linha de fogo ao viver o herói dos quadrinhos Constantine – ele é moreno e americano, e não loiro e inglês, como definido no gibi. O filme estreou e Keanu, afinal, mostrou-se um excelente caçador de demônios, seja qual for a cor de seu cabelo ou a origem de seu sotaque.
Fonte: Revista Veja
2 Comments:
De quem diabos esse reporter está falando? Reclamaçoes em mailing list viraram notícia? Só na VEja mesmo...¬_¬
Tudo bem...
Se é assim, que tal começarmos a fazer personagens com cores trocadas e dizermos que são outros. Este foi um recurso muito usado pra quem queria sacanear a mônica colocando nela três dentes ao invés de dois. O Mauricio nunca pode reclamar disso...
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