Língua Extraordinária
Por Edmundo Clairefont Fotos: José Villarrubia
Alan Moore alçou as histórias em quadrinhos a um nível acima do cambeta. Não foi o único, evidente. Haverá sempre quem discorde de seu papel, de sua importância e enfie a divindade de ocasião num panteão particular.
Em perspectiva, Moore é imbatível. Talvez seja o autor de gibis de maior alcance nas últimas duas décadas. Aos 52 anos, vive em Northampton, urbe na região central da Inglaterra que moldou em parâmetros históricos no romance A Voz do Fogo (Conrad). Ele diz que de lá não sai. Já pensou diferente.
Nos anos 80, sob Margaret Thatcher. O criador ameaçou um exílio quando escreveu V de Vingança (Panini) e a série que "redefiniu o mundo dos super-heróis", Watchmen (Via Lettera). Traçou o perfil do relacionamento algo rosa entre Batman e Coringa, em a Piada Mortal (Abril). E depois cansou. Desistiu do êxodo. Continuou no reino.
Do lado de cá do Atlântico a coisa ficava russa. Nos anos 90, passou a ter atritos progressivos com o mercado norte-americano e uma de suas potências, a DC Comics. Encampou a briga pelos direitos de autor. Não venceu e cortou relações com a gigante. Deu que hoje pratica o esporte fino de muxoxar contra os atentados das adaptações de sua obra para o cinema. Tudo à revelia, ça va? Moore deve ter lá seus pesadelos com Keanu Reeves em Constantine.
No início da década passada, lançou Do Inferno (Via Lettera), pesquisa estofada sobre o tema Jack, o Estripador. Em seguida, emplacou um excelente joguete com personagens da literatura, como Capitão Nemo, Allan Quatermain e Sr. Edward Hyde, em a Liga Extraordinária (Devir). Criou a aclamada série policial Top Ten e cavucou os gibis clássicos de aventura em Tom Strong (ambas também pela Devir).
Atualmente, trabalha no romance Jerusalém. Ameaça uma lenta e gradual aposentadoria. Neste 2006, lança Lost Girls, uma ¿novela pornográfica¿ em quadrinhos ilustrados pela esposa, Melinda Gebbie. Promete um novo álbum da Liga Extraordinária, com Kevin O'Neill.
A entrevista a seguir é exclusiva. Em mais de duas horas de conversa, Moore falou. Falou muito, num inglês no limite do engrolado. No que julgamos o mais completo e definitivo diálogo ao Brasil, o escritor abriu a boca sobre sua extensa carreira. Para facilitar ao leitor, o papo foi dividido em temas.
Fonte: Revista Trip
Obs.: Como a entrevista é bem extensa, estarei disponibilizando a entrevista durante o final de semana, fiquem atentos!!!
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