Manara usa erotismo para criticar televisão
É difícil contar a história dos quadrinhos sem esbarrar no bombardeio que a linguagem sofreu ao longo dos anos. Bombardeio acadêmico, inclusive. Houve uma série de estudos que viram em algumas HQs o mal dos jovens e um instrumento de comunicação de massa a serviço da ideologia norte-americana. O álbum Revolução (Conrad, R$ 39,90) parece uma resposta aos críticos, ainda que tardia. Eles teriam errado o foco. O "mal da humanidade" não estaria nos quadrinhos, mas na televisão.
A obra, escrita e desenhada por Milo Manara, começa a chegar às livrarias nesta quinta-feira (em bancas de grande porte, no fim do mês). E, em se tratando do desenhista italiano, já se sabe que o tom da história é erótico, a especialidade dele. A protagonista da vez é a dançarina Kay. Durante um teste para um programa de TV, ela é seqüestrada por um grupo de rebeldes ligados ao programa de TV comandado por Robespierre.
A crítica aos meios de comunicação está exatamente no programa, história que é narrada em paralelo. É uma espécie reality show, que coloca em praça pública figuras que tem voz ativa na televisão: o jornalista esportivo, o arrogante diretor de um telejornal (que só pensa em transformar a informação em espetáculo), o publicitário (que usa mulheres para vender qualquer coisa nos comerciais).
O apresentador, Robespierre, pede que a platéia, em polvorosa, decida o destino dos julgados. Vida ou morte? Se for morte, a pessoa é degolada, à la Revolução Francesa (a inspiração para o programa e para o nome do álbum). É metalinguagem pura: um programa de TV determina o rumo de quem comanda os programas de TV.
Não é o melhor trabalho erótico de Manara. Mas se diferencia pela crítica. Clara, direta, pontual, algo incomum nas obras dele. Não fossem as curvas e a pouca roupa da protagonista, o leitor poderia até imaginar que o álbum, lançado em capa dura, não tivesse sido escrito pelo italiano.
A Conrad promete pelo menos mais duas obras de Milo Manara para este semestre. Clic 3 está prevista para março. A outra obra foi noticiada nesta semana pelo site Omelete: Verão Índio, feita em parceria com Hugo Pratt. 2007, a exemplo do ano passado, deve ter mais uma overdose de títulos do desenhista. Leia mais aqui.
Para ver algumas imagens de Revolução, clique aqui.
Fonte: Blog dos Quadrinhos
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